"Moda Regenerativa e a Ressignificação do Vestir”
Atualizado: 26 de mai. de 2020
Considerada uma das indústrias mais poluentes e baseada no sistema econômico de 'extrair - produzir - consumir e descartar', percebemos a necessidade de repensar o sistema de moda. A natureza que funciona através de sistemas regenerativos onde resíduos tornam-se nutrientes, para o solo, alimento para outras espécies, originando ciclos de vida onde nada sobra, nos serve de exemplo para desenvolver melhorias nas relações que unem moda à sustentabilidade.
Buscando desenvolver formas de produção e consumo, mais eficazes e capazes de se regenerar também, surgem iniciativas como o cuidado e manutenção das peças para o prolongamento do ciclo de uso, a ressignificação de modelos através de técnicas de design, como o Upcycling e outras propostas de moda como defende Lucas Bettin - estilista e co-fundador da marca Transmuta:
"A Moda Regenerativa é um recorte mais atualizado no entendimento de moda sustentável, propondo um olhar sobre a “cura” do desequilíbrio dos sistemas de vida, (ambientais e também sócio-econômicos) em contraponto a sustentação dos sistemas vigentes.”
Foto: Transmuta
Nesse sistema de moda podemos adicionar a sugestão de Michael Braungart, químico alemão, que propõe que ao desenvolvermos produtos, deveríamos pensar em soluções que favorecessem o meio ambiente ao invés de prejudicá-lo, pois é muito mais produtivo não gerar resíduos do que solucionar lixo produzido. E que ao propormos produtos cuidadosamente criados com qualidade e duráveis, é possível fidelizar consumidores por mais tempo, promovendo maior confiança e identificação.
Outra alternativa que pode colaborar para a transformação do consumo de moda é
prolongar o ciclo de uso de peças de vestuário. Através de ajustes, consertos e reparos em geral. A técnica de design em reutilizar peças em desuso, no desenvolvimento de novos modelos, chamado de Upcycling, confere à moda a possibilidade de acrescentar práticas do pós-consumo, ressignificando o vestir - como explica abaixo: Kamila Olstan designer da Farrapo Couture,
'Ressignificar para mim é traduzir, é conseguir revelar o valor oculto das coisas através do design. Aqui na Farrapo criamos a partir de resíduos têxteis, roupas antigas e todo tipo de tecido que (para alguns) perdeu o valor. Tendo a criatividade como principal matéria prima, dedicamos o tempo necessário para solucionar o desafio que se apresenta em cada pedaço de tecido."
Foto: Farrapo Couture
Percebemos que em ambas as propostas a moda deve ser desenvolvida com um olhar mais responsável, sobre seus impactos ambientais, sociais e econômicos, além do seu impacto cultural, que também influencia seus processos produtivos e de consumo, trazendo novos desafios e oportunidades.
Texto: @aab_design_moda
Referências:
(Artuso. E, Design sustentável)
Quer saber mais?
Assista o Mescla Talks dessa quinta -feira, às 11:00h
"Moda Regenerativa e a Ressignificação do vestir”, com
Lucas Bettin , Yasmin Lapolli -
Designers e fundadores da marca Transmuta
Kamila Osltan -
Designer e fundadora da marca Farrapo Couture
Aline Andreazza Bussi -
Designer - Educadora - Fashion Design Researcher -
Representante do Movimento Fashion Revolution . Curitiba